-Ele era um bom homem, Nick, meus pêsames.
Aquilo me enchia de raiva. Não queria nada daquelas pessoas, e ter que fingir o contrário era a pior coisa durante toda minha vida. Afinal, sera que ele era realmente um bom homem?! Não digo para os outros, mas sim para mim.
Meu pai era um conselheiro, e sempre colocou seus afazeres na arca como prioridade. O povo, a medicina... Tudo era a minha frente, e eu sempre fingi deixar tudo bem, o quê talvez nem fosse tão errado.
-Nicolas. Não é melhor ir embora? É melhor descansar, foi um dia bem cansativo, eu acho. -O Chanceler puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado. Olhava para o horizonte diante do vidro, onde a visão da terra clareava meu rosto.
-Descansar como, Edgar?! Meu pai morreu, a única pessoa que eu podia contar para tudo. -Edgar agora mais que nunca precisava confiar em mim, e eu tinha que passar toda minha tristeza para ele. -É como se não tivesse quase nada para me lembrar dele. Além disso.
-Eu estive pensando sobre isso. Quer dizer... Imagino como se sente algumas vezes, Nick. Seu pai é um dos membros mais antigos do conselho, e ele ajudou muito a todos da arca, mas imagino que talvez ele tenha perdido alguns momentos com você para isso, não é?!
-Sim... Mas eu não me importo, já que isso foi para o bem do povo, nunca me importaria. -Mentira, eu sempre me importei e muito. - Seria tão, egoísta da minha parte se eu me preocupasse com isso enquanto ele agia para o bem de todos aqui...
-Eu fico muito feliz que pense assim... Apesar de novo parece ser responsável e talvez aqui nem seja o momento certo. -O Chanceler se levantou enquanto estendeu a mão a mim. -Sabe das responsabilidades de um membro do conselho. A arca a frente de suas próprias vontades... Sabe disso?
-Claro... Cresci com meu pai vivendo isso como ninguém.
-Me desculpe se estiver sendo oportuno nesse momento de dor. Mas quer se juntar ao conselho? Ocupar a cadeira de seu pai?
Me coloquei de pé devagar, enquanto sem dificuldade formei uma cara de surpresa misturada com a dor da perda de meu pai. Minha mão tocou a do Chanceler que a apertou rapidamente.
-Eu não sei... Não sei se estou pronto.
-É exatamente por não saber, que esta pronto!

O Chanceler se retirou, me deixando sozinho. A partir dali eu era o membro mais novo do conselho. Mas será que eu daria continuidade ao trabalho de Paris?